sábado, 25 de junho de 2011

HÉRNIA DE HIATO


HÉRNIA DE HIATO




A hérnia de hiato é definida como a saída do estômago ou parte dele do abdome para o tórax, através do diafragma (músculo que separa o tórax do abdome).

Diafragma separando o tórax do abdome

Posição correta do esôfago e estômago em relação ao diafragma

O estômago faz parte do aparelho digestivo, e está localizado no abdome (abaixo do diafragma). O alimento chega ao estômago através do esôfago. A junção entre esôfago e estômago se faz por um orifício no diafragma. A hérnia ocorre quando esta anatomia é desfeita, ou seja, quando o estômago ou uma parte dele estão acima do diafragma.
Existem três tipos de hérnia de hiato:
·         Hérnia de hiato por deslizamento
·         Hérnia de hiato paraesofágica ou por rolamento
·         Hérnia de hiato mista
 Hérnia de Hiato por Deslizamento
Ocorre quando a junção entre esôfago e estômago está acima do diafragma (no tórax), assim como o fundo gástrico. Este tipo de hérnia é comum e pode ocorrer em cerca de 40 % da população. Esta hérnia pode ser devido ao enfraquecimento dos componentes que fixam as estruturas na posição adequada, á contração longitudinal (em direção ao tórax) do esôfago ou ao aumento da pressão intra-abdominal. As hérnias por deslizamento pequenas  na maioria dos casos não geram  sintomas.
Hérnia de  Hiato Paraesofágica
Neste tipo de hérnia a junção entre o esôfago e o estômago está na posição certa, porém uma parte do estômago (fundo gástrico) passa pelo orifício no diafragma e se posiciona no tórax.
Hérnia de Hiato Mista
È uma mistura das duas anteriores, a junção esofagogástrica está acima do diafragma e o estômago se hérnia mais ainda, dobrando-se.
A hérnia Paraesofágica e a mista podem encarcerar (ficar presa) ou estrangular (quando fica presa com sofrimento vascular), gerando alguns sintomas como dor torácica aguda, disfagia e formação de massa no mediastino, que requer intervenção cirúrgica imediata.

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Influenza (H1N1) – “gripe suína” , influenza Pandêmica

Os vírus da Influenza A e B possuem vários subtipos que sofrem mutações (mudanças) continuamente, gerando vírus geneticamente diferentes (cepas diferentes).  O novo vírus da Influenza A, o (H1N1), foi detectado no México em abril de 2009. Até 28 de novembro de 2009, casos de Influenza A (H1N1) havia sido confirmado laboratorialmente em 207 países, com 8.768 óbitos.

 O Vírus da Influenza pertence à família Ortomixiviridae. São vírus de RNA com uma hélice que se subdividem em três tipos diferentes: A , B, C.  O tipo A é o responsável pela maioria das epidemias de gripe. São classificadas de acordo com o tipo de proteínas presentes em sua superfície, chamadas de hemaglutinina (H) e neuraminidase (N). No vírus Influenza A humanos, já foram descobertas três tipos de hemaglutinina (H1, H2, H3) e duas neuraminidases (N1 e N2).
Virus Influenza A (H1N1)
Os vírus Influenza do tipo A, infectam seres humanos, suínos, cavalos, mamíferos marinhos e aves; os do tipo B ocorrem somente em seres humanos; e os do tipo C, em seres humanos e suínos.
A transmissão mais comum é a direta (indivíduo para indivíduo) por meio de pequenas partículas de aerossol expelidas pelo indivíduo infectado (na tosse, espirro, fala).
Espirro mostrando milhares de partículas aerossol

Também pode ocorrer transmissão pelo modo indireto, por meio de contato com as secreções do doente. Neste caso as mãos são o principal responsável por esta via, ao permitirem a entrada do vírus pela boca, nariz e olhos.

Contato indireto através da mão em mucosa oral



Período de Incubação do vírus Influenza A (H1N1) pode varias de 1 a 7 dias, sendo mais comum entre 1 a 4 dias.
Período de transmissão – para o adulto, o período pode varias de 1 dia antes até o 7° dia após o início dos sintomas. Para menores de 12 anos, 1 dia antes até o 14° dia após o início dos sintomas.
Quadro Clínico
A doença inicia-se com o início súbito de febre alta (maior que 38°C), mialgia (dor muscular), dor de garganta, prostração (cansaço), cefaléia (dor de cabeça) e tosse seca. A febre é o sintoma mais importante e dura cerca de 3 dias. Os sintomas respiratórios ficam mais evidentes com a progressão da doença e são mantidos por 3 a 4 dias após o desaparecimento da febre. É comum o paciente queixar-se de garganta seca, rouquidão, tosse seca , pele quente e úmida, olhos hiperemiados (avermelhados) e lacrimejantes. Ocorre saída de secreção hialina (clara) pelo nariz. Nas crianças, a temperatura pode atingir níveis mais altos, sendo comum o aumento dos linfonodos cervicais (gânglios linfáticos do pescoço), quadros de bronquite ou bronquiolite e sintomas gastrointestinais (náuseas, diarreia, vômitos). Os idosos podem apresentar febre, porém é mais baixa, podendo ser ausente.
Alguns Sintomas de Influenza A (H1N1)
Situações de risco para o desenvolvimento de formas graves e de óbito são:
- gestação
- idade menor do que 2 anos ou maior que 60 anos
-DPOC , asma
- cardiopatias
-doenças metabólicas crônicas (ex: diabetes, obesidade mórbida)
-imunodeficiência ou imunodepressão (ex: AIDS)
As complicações são mais comuns em idosos e indivíduos vulneráveis. As complicações mais comuns são: pneumonias bacterianas secundárias.
Uma complicação incomum e muito grave é a pneumonia viral primária pelo vírus da Influenza.
Gestantes com quadro de Influenza, especialmente no segundo ou terceiro trimestre da gravidez, estão mais propensas a quadros mais graves, sendo indicada internação hospitalar.
Entre outras complicações podemos citar: miocardite, pericardite, síndrome de choque tóxico, síndrome de Guillain-Barré, encefalite e mielite transversa.
O quadro na maioria dos casos de Influenza Pandêmica (H1N1) é benigno e autolimitado, clinicamente moderado, caracterizado  por febre, tosse, coriza, dor de cabeça e mal-estar. No entanto tem-se observado alguns pacientes com a forma grave, com acometimento pulmonar, que pode evoluir  rapidamente para insuficiência respiratória grave. A insuficiência respiratória aguda está associada com infiltrado pulmonar difuso, bilateral do tipo vidro fosco.
Diagnóstico Laboratorial
É usada a secreção da nasofaringe (SNG), colhido de preferência nos primeiros três dias de aparecimento dos sinais e sintomas até no máximo no  7 ° dia.
Tratamento
O antiviral Oseltamivir indicado deve ser utilizado em, no máximo, até 48 horas a partir da data de início dos sintomas.

Fonte: Doenças Infecciosas e parasitárias: guia de bolso/ Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Vigilância Epidemiológica. – 8. ed. rev. – Brasília: Ministério da Saúde, 2010.

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

ABDOMINOPLASTIA (Cirurgia Plástica da "Barriga")

Um abdome belo não é um abdome reto, sem curvas, saliências ou depressões. A beleza do abdome está na presença de suas saliências naturais (rebordos costais, as cristas ilíacas, o púbis e o músculo reto abdominal ) e depressões (umbigo, as fossas ilíacas, ...).
abdome bonito

As pessoas não são idênticas do ponto de vista anatômico, existem variações consequentes ao esqueleto ósseo, e com o biótipo da paciente (longilíneo, brevilíneo ou normolíneo).
 A gravidez pode alterar a posição dos músculos, alterando a forma, alargando o diâmetro dos arcos costais e da bacia, diferenciando-se do abdome pré-gravídico.


Alguns abdomens pós gestação apresentam diástase (afastamento) dos músculos reto abdominais, que causam um abaulamento na região medial do abdome.


Além do diagnóstico das alterações estéticas do abdome que vão direcionar a melhor técnica cirúrgica a ser empregada, é necessário observar aspectos posturais e osteomusculares para uma orientação mais detalhada do resultado que pode ser obtido dentro das limitações existentes.


Vamos dividir as alterações do abdome e o tratamento:


1- Paciente com abdome sem excesso de pele, com musculatura normal, sem diástase. As alterações são devido ao acúmulo de gordura em alguns locais do abdome. O tratamento para este tipo de abdome é a lipoaspiração.


2- Pacientes com musculatura normal, com um excesso de pele infra-umbilical (abaixo do umbigo) e excesso dermoadiposo. O tratamento consiste em lipoaspiração associada à mini-abdominoplastia


lipoaspiração e mini-abdominoplastia


Realiza-se a retirada de um fuso de pele da região supra púbica, de extensão e largura variáveis, de acordo com a necessidade de cada paciente.


mini-abdominoplastia
Fuso de excesso de pele que será retirado

miniabdominoplastia

 3 - Pacientes com excesso de pele, acúmulo de gordura moderado e diástase (afastamento) da musculatura, porém sem excesso de tecido suficiente supra-umbilical (acima do umbigo) para cobrir todo o abdome, com cicatriz umbilical (umbigo) alta. O tratamento para estes pacientes é incisão clássica de abdominoplastia e baixa-se a altura do umbigo após plicatura (sutura) da musculatura em diástase (alargada), reconstruindo sua função. Caso a cicatriz umbilical esteja em posição normal ou baixa que não possibilitam um posicionamento mais baixo, pode-se optar pela realização da cicatriz em “T”  ou posicionar a cicatriz mais alta. Pode-se associar lipoaspiração a estas técnicas.

sutura dos músculos retos do abdome afastados


4 - Pacientes com excesso de pele acentuado tanto acima quanto abaixo do umbigo. Geralmente o umbigo está posicionado normal ou abaixo da posição esteticamente aceitável. A extensão de pele que vai do umbigo até o apêndice xifoide é suficiente para cobrir todo o abdome. O tratamento é a abdominoplastia clássica.



ABDOMINOPLASTIA CLÁSSICA

passos da cirurgia de abdome
A técnica cirúrgica consiste na marcação do local onde vai ser realizada a incisão (na região supra-púbica se estendendo para as laterais ). No ato operatório realiza-se a incisão, descolamento do retalho dermoadiposo até o apêndice xifoide, preservando a cicatriz umbilical na aponeurose do músculo. Realiza-se a plicatura (sutura) da musculatura. Traciona-se o retalho e retira-se o excesso de tecido. Posiciona-se o umbigo. Realiza-se o fechamento, podendo ou não ser usado dreno.


cicatriz de abdominoplastia


Cuidados Pré-Operatórios
DEVE INCLUIR:


• Anamnese minuciosa, incluído pesquisa de queixas respiratórias (asma, apnéia do sono) e número de gestações.


• Evolução da perda ponderal, cálculo do Índice de Massa Corporal (IMC)


• Exame físico completo, com ênfase na parede abdominal, a fim de diagnosticar possíveis hérnias umbilicais ou incisionais e a presença e o grau de diástase dos músculos retos abdominais.


• Avaliação da qualidade e do grau de flacidez da pele e adiposidade residual.


RECOMENDAÇÕES AO PACIENTE


• Suspender tabagismo (mínimo de 15 dias)


• Suspender drogas anticoagulantes (AAS, heparina, ginseng, ginko-biloba, chá de louro, etc.)


• Utilizar sabonete antisséptico três vezes ao dia nos três dias anteriores à cirurgia e no dia da mesma ao despertar.


• Manter alguma atividade física.


• Ler o informativo referente à cirurgia e esclarecer eventuais dúvidas com o cirurgião.

EXAMES COMPLEMENTARES


A rotina pré operatória inclui exames laboratoriais, eletrocardiograma, radiografia de tórax e risco cirúrgico.


A Ultrassonografia de abdome com ênfase na parede abdominal é mandatória para avaliar a presença de hérnias não identificadas no exame físico, além de outras patologias intra-abdominais que devem ser tratadas previamente ou em conjunto com a abdominoplastia.


Documentação fotográfica pré-operatória, autorização para publicação das mesmas e termo de consentimento informado são obtidos de todos os pacientes.


ANESTESIA


Pode ser realizada anestesia geral ou bloqueio peridural com sedação.


CUIDADOS PÓS OPERATÓRIOS


• Uso de cinta cirúrgica conforme orientação médica
• Evitar molhar área de cicatriz por 48horas
• Manter curativo limpo e seco
• Deitar somente em decúbito dorsal (de barriga para cima)
• Evitar esforço físico
• Retorno às atividades cotidianas em média após 30 dias
• Liberação para exercícios físicos entre 45 e 60 dias





segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Abdominoplastia após grande perda de peso (dermolipectomia ex-obeso)

A obesidade é uma doença com incidência e prevalência crescente, afetando todas as faixas etárias. As complicações da obesidade são bem conhecidas. Uma redução dramática do peso, seja através de dieta, medicação adequada, exercício ou cirurgia podem reverter à morbidade e a mortalidade associada à mesma.
Entre os efeitos indesejáveis de uma grande perda ponderal podemos incluir, além da diminuição excessiva do tecido celular subcutâneo (gordura), a redundância e flacidez cutânea. A região abdominal destes pacientes apresenta ainda com freqüência uma insuficiência da musculatura, decorrente da infiltração de gordura no tecido muscular, da hipotonia ou atrofia devido ao sedentarismo ou como conseqüência da diástase (afastamento) dos músculos retos abdominais pós-gestações.
O aspecto “em avental” costuma ser a principal queixa destes pacientes e pode causar, além do aspecto inestético, limitações físicas, distúrbios psicológicos e queixas álgicas (dor).
A abdominoplastia é um procedimento comum em ex-obesos e geralmente o primeiro e o mais freqüente a ser realizado. Seu objetivo é dar nova forma à parede abdominal através de uma dermolipectomia, reforço das estruturas músculo-aponeuróticas com correção de eventuais hérnias, e onfaloplastias (plástica do umbigo). Muitas são as técnicas cirúrgicas descritas na literatura especializada. Por isso, a variedade no dismorfismo (alterações da forma) apresentado por estes pacientes exige uma avaliação cuidadosa no pré operatório, com o objetivo de estabelecer a melhor estratégia cirúrgica para cada caso.
Rotina Pré Operatória
DEVE INCLUIR:
·         Anamnese minuciosa, incluído pesquisa de queixas respiratórias (asma, apnéia do sono) e número de gestações.

·         Evolução da perda ponderal, cálculo do Índice de Massa Corporal (IMC) e tempo de estabilidade do peso.

·         Exame físico completo, com ênfase na parede abdominal, a fim de diagnosticar possíveis hérnias umbilicais ou incisionais e a presença e o grau de diástase dos músculos retos abdominais.
Avaliação da qualidade e do grau de flacidez da pele, adiposidade residual, posicionamento das cicatrizes, presença de lesões cutâneas geradas pelo atrito de áreas ptosadas (caídas).

RECOMENDAÇÕES AO PACIENTE
·         Suspender tabagismo (mínimo de 15 dias)
·         Suspender drogas anticoagulantes (AAS, heparina, ginseng, gincobiloba, chá de louro, etc.)
·         Utilizar sabonete anti-séptico três vezes ao dia nos três dias anteriores à cirurgia e no dia da mesma ao despertar.
·         Manter alguma atividade física.
·         Ler o informativo referente à cirurgia e esclarecer eventuais dúvidas com o cirurgião.

EXAMES COMPLEMENTARES
A rotina pré-operatória inclui exames laboratoriais, eletrocardiograma, radiografia de tórax e risco cirúrgico.
A Ultrassonografia de abdome com ênfase na parede abdominal é mandatória para avaliar a presença de hérnias não identificadas no exame físico, além de outras patologias intra-abdominais que devem ser tratadas previamente ou em conjunto com a abdominoplastia.
Documentação fotográfica pré-operatória, autorização para publicação das mesmas e termo de consentimento informado são obtidos de todos os pacientes.
Técnicas Cirúrgicas
Nas abdominoplastias utiliza-se a anestesia geral ou a peridural. Com freqüência associam-se as duas técnicas para uma melhor analgesia pós operatória.
Muitas técnicas cirúrgicas são descritas, será abordado neste momento exclusivamente a região abdominal, são elas, a abdominoplastia suprapúbica, a inframamária, a em âncora e a dermolipectomia higiênica.
EM ÂNCORA
abdominoplastia em ancora
Desenho Esquemático de Abdominoplastia em âncora

A abdominoplastia com cicatriz em âncora é a mais utilizada em pacientes após perda ponderal expressiva. Isto se deve a grande excedente dermoadiposo tanto no sentido horizontal quanto no vertical. A cicatriz mediana prévia quando existe em casos de pacientes submetidos à cirurgia bariátrica, facilita a indicação da mesma. Esta técnica permite maior retirada do tecido excedente e proporcionar melhor contorno corporal, principalmente na cintura.
O excesso dermoadiposo previamente marcado é retirado em bloco, no sentido de cranial para caudal e de lateral para medial. Importante não descolar os retalhos remanescentes.
Esta técnica permite uma exposição direta dos retos abdominais, facilitando sua abordagem. Realiza-se a plicatura destes músculos levando em consideração a diástase presente.
A cicatriz umbilical deve ser fixada a aponeurose em posição anatômica.
A síntese é realizada por planos, sendo a drenagem aspirativa sempre utilizada.
O curativo é realizado com esparadrapo cirúrgico estéril e com atadura elástica.
ABDOMINOPLASTIA REVERSA
Consiste na ressecção do excesso dermoadiposo do abdome superior por meio de incisão submamária. Está indicada especialmente quando da existência de cicatrizes pré-existentes nesta região ou naqueles pacientes submetidos à abdominoplastia prévia que apresentam redundância de tecido na parede abdominal superior .
abdominoplastia reversa
Abdominoplastia reversa com cicatriz resultante infra-mamária ( indicada quando há flacidez cutânea supra-umbilical mediana)


abdominoplastia reversa sem excesso em linha média
 Abdominoplastia reversa indicada para pacientes com pouca flacidez em linha média supra-umbilical 

A avaliação é realizada com o paciente em posição ortostática e em decúbito dorsal As marcações são feitas nos sulcos submamários, unidas na linha média. O excesso é determinado por manobra bi-manual através de tração da pele no sentido cefálico .
O retalho dermoadiposo excedente pode ser utilizado na região mamária como cobertura ou como preenchimento.
Descolamento ultrapassando a cicatriz umbilical, sendo esta liberada ou não. É indicado para casos de flacidez supra-umbilical, com pequena diástase.
A cirurgia começa com incisão submamária e o retalho abdominal é descolado caudalmente no plano aponeurótico. Realiza-se uma tração superior, sendo o excesso cutâneo excisado ou utilizado na região mamária como cobertura ou como preenchimento. Realiza-se drenagem aspirativa e síntese por planos. O curativo é realizado com fita adesiva cirúrgica e atadura elástica.
SUPRA PÚBICA
Indicada para pacientes sem excesso dermoadiposo lateral, principalmente na ausência de cicatriz mediana prévia, como nos casos de emagrecimento após cirurgias bariátricas videolaparoscópicas ou aqueles que emagreceram através de dieta e exercício. Muitas vezes é precedida por lipoaspiração.
A marcação pré-operatória é feita com o paciente em posição ortostática, sendo reavaliada no per operatório em decúbito dorsal. Primeiro, delimitamos a linha da incisão inferior, com concavidade no sentido cranial, situando-se abaixo da prega delimitada pelo avental cutâneo, estendendo-se lateralmente em direção a crista ilíaca.
cicatriz de abdominoplastia

Em seguida é marcada uma linha mediana, do apêndice xifóide à sínfise púbica, que auxiliará no posicionamento adequado da cicatriz umbilical. Acima desta, descolamos o retalho em forma de túnel até o apêndice xifóide, evitando estendê-lo lateralmente. Procede-se em seguida a plicatura da aponeurose dos retos abdominais.

plicatura de musculos retos do abdome
Após a plicatura, que é feita com pontos separados em “X”, fixa-se a cicatriz umbilical à aporeurose, corrigindo possíveis desvios de posicionamento. Neste momento, o dorso da paciente é elevado em cerca de 30º. O retalho dermoadiposo é tracionado em direção caudal e o excesso é ressecado com o cuidado de retirar apenas o desejado, evitando tensão na sutura. Fixa-se o retalho superior à incisão inferior em seu ponto médio.
cirurgia do abdome

cicatriz de cirurgia plastica na barriga
Uma incisão em forma de triângulo invertido é realizada no retalho na topografia da cicatriz umbilical assim como um desengorduramento do mesmo, com o objetivo de exteriorizar e suturar o coto umbilical fixado na aponeurose ao retalho. Finaliza-se com a drenagem aspirativa e síntese por planos.
DERMOLIPECTOMIA HIGIÊNICA


Abdome em Avental
Essa técnica é utilizada em pacientes com IMC (Indice de Massa Corporal) elevado, porém com grande perda ponderal e dificuldades para mobilização, higiene e convívio social. Muito realizada em conjunto com outras cirurgias abdominais, principalmente hernioplastias.
Pode ser realizada com vários tipos de incisão. O mais importante é o descolamento mínimo suficiente para exteriorizar a cicatriz umbilical, podendo inclusive não haver este descolamento e realizar uma neo-onfalocele em segundo tempo. A plicatura dos músculos reto abdominais não deve ser realizada.
CUIDADOS PÓS OPERATÓRIOS
·       Posição de Fowler nas primeiras 24 horas, com movimentação dos membros e manutenção de meia elástica.
·       Deambulação precoce
·       Drenagem aspirativa mantida até débito abaixo de 50 ml em 24 horas

COMPLICAÇÕES
As complicações pós-operatórias em pacientes com grande perda ponderal são as mesmas das tradicionais cirurgias de contorno corporal, porém com incidência significativamente maior. A taxa de complicações e de resultados desfavoráveis é diretamente proporcional ao IMC na data da cirurgia. Geralmente os pacientes suportam melhor eventuais intercorrências, devido ao grande benefício estético e funcional alcançado.
São muitas as complicações descritas, dentre elas: seromas, deiscências, hematomas, TVP, necroses, granulomas, infecções.
A presença de seroma é freqüente devido à grande área excisada e a espessura do retalho remanescente. O uso de dreno aspirativo tem a função de não reter o seroma. Após sua retirada o paciente deve ser submetido a punções aspirativas e uso contínuo da cinta de média compressão. Com a experiência adquirida, há uma tendência a permanência do dreno por 7 a 10 dias, devido ao derrame linfático que se forma após a sua retirada precoce.
Pode-se encontrar com certa freqüência a presença de cicatrizes alargadas, hipertróficas, assimétricas, perda do contorno corporal, falha na retração da pele e retorno da flacidez, que são atribuídas à má qualidade do sistema fascial superficial, responsável por envolver, sustentar e dar forma aos tecidos.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

CISTO DE FÍGADO (HEPÁTICO) SIMPLES

CISTO  DE  FÍGADO (HEPÁTICO) SIMPLES
É uma lesão relativamente comum.
Cisto hepático simples é geralmente de origem congênita, sendo mais prevalente no sexo feminino e na quinta década de vida. É formado através da obstrução ou ausência de conexão entre os ductos biliares intra-hepáticos e os extra-hepáticos. Sua parede apresenta epitélio cubóide semelhante às células do ducto biliar.
Os pacientes são geralmente assintomáticos, e seu diagnóstico é, na maioria dos casos, um achado durante exames de imagem. A sintomatologia mais comum, quando existente, é o desconforto em hipocôndrio direito, ocasionado geralmente por cistos maiores que 5.0 cm. Cistos hepáticos apresentam baixa taxa de complicações, sendo hemorragia e infecção as mais comuns.
2.1-Diagnóstico de cisto hepático
Cisto hepático simples é facilmente diagnosticado pela ultra-sonografia, pela tomografia computadorizada ou pela ressonância nuclear magnética. Apresenta líquido em seu interior, sem presença de septações e com parede delgada. Cisto simples pode apresentar septações, porém estas não são verdadeiras e sim resquícios de ductos biliares. Ausência de septações é 100% prediletor de cisto hepático simples.
cisto hepatico na tomografia
Tomografia Computadorizada – cisto hepático de 13 cm. Características morfológicas: cisto de paredes finas e conteúdo homogêneo


2.2-Tratamento

A maioria dos pacientes são assintomáticos (90-95%), não necessitando de intervenção, sendo acompanhados anualmente por ultra-sonografia. Porém em cistos grandes (maior 5.0cm) ou associados à sintomatologia (dor severa, náuseas, vômitos ou colestase) o tratamento pode ser cirúrgico (laparoscópica ou aberta) ou por drenagem percutânea, guiada por tomografia ou pela ultra-sonografia, associado a escleroterapia com álcool. Essa terapia apresenta a vantagem de ser menos invasiva que a cirurgia aberta ou laparoscópica; Entretanto a escleroterapia com álcool pode levar a colangite esclerosante provavelmente devido à comunicação entre o cisto e o trato biliar não diagnosticado previamente. A simples aspiração do cisto apresenta 100% de recorrência. Tratamento cirúrgico [e recomendado, não somente em pacientes com sintomas ou em cistos grandes, mas também na presença de comunicação biliar, infecção ou na suspeita de malignidade.
O tratamento preconizado, antes do advento da videocirurgia, era o destelhamento por via aberta para cistos hepáticos simples não complicados.
Z’graggen et al (1991) realizaram o primeiro destelhamento (fenestração) de um cisto hepático gigante por via laparoscópica. Deste então, o tratamento por via laparoscópica tem sido amplamente utilizado e recentemente tem sido proposto para doença hepática policística. Atualmente é preconizado o destelhamento por laparoscopia, onde a completa fenestração é conseguida em 90 a 95 % dos casos. As maiores causas de conversão para laparotomia são: cisto localizado profundamente no parênquima hepático; cistos localizados nos segmentos VI, VII,VIII; sangramento incontrolável e trauma de ductos biliares principais.
Destelhamento via laparoscópica, para cistos hepáticos não parasitários maiores que 5.0 cm ou com sintomatologia e localizados superficialmente.
cisto no fígado 
Fenestração laparoscópica de cisto hepático solitário

A taxa de morbidade em pacientes onde foi realizada a fenestração por laparoscopia, varia entre 0% e 25%. A recorrência dos sintomas varia entre 0% e 23%, enquanto a recorrência morfológica varia entre 0% e 14,3%. Fenestração por laparoscopia causa menos dor pós-operatória, menor tempo de hospitalização e retorno precoce as atividades normais.

TUMORES DO FÍGADO (HEPÁTICOS) BENIGNOS - HEMANGIOMA

Tumores Hepáticos benignos constituem uma série de lesões, incluindo tumores sólidos, císticos e processos regenerativos. Com o avanço tecnológico dos exames de imagem, houve aumento na detecção de lesões hepáticas, porém houve também o aumento no diagnóstico do tipo de lesão, sem muitas vezes necessitar de procedimentos invasivos a fim de coletar material para a análise histopatológica.
A maior parte das lesões são assintomáticas (não causam sintomas) e com boa evolução clínica, apresentando como conduta a simples observação. Porém em pacientes sintomáticos, na suspeita de malignidade e em algumas lesões com potencial de transformação maligna, como o adenoma hepático, o tratamento se faz necessário. Nesse caso, estudos recentes, vem comparando o tratamento por laparotomia com a cirurgia por via laparoscópica.
HEMANGIOMA
É o tumor hepático benigno mais comum, variando sua incidência, em autópsias, entre 0,4 e 7,3%.  É mais prevalente em mulheres (Relação 5:1 a 6:1) e apresenta como localização mais comum à região subcapsular do lobo direito e seu tamanho é geralmente menor que 5.0 cm. Alguns hemangiomas apresentam receptores para estrogênio, levando a um crescimento maior durante a puberdade, a gravidez e nas mulheres que fazem uso de contraceptivo oral.
A maioria dos hemangiomas é encontrada ao acaso durante exame de imagem abdominal. Alguns pacientes apresentam sintomatologia, sendo o mais comum desconforto abdominal inespecífico. Esses pacientes com sintomatologia geralmente apresentam lesões maiores que 5.0 cm ou com necrose.

Hemorragia espontânea ou síndrome de Kasabach-Merritt são descritos como complicações raras., A ruptura espontânea do hemangioma é rara (figura 2), tendo em vista a alta prevalência de hemangioma na população. Kasabach & Merritt (1940) descreveram uma síndrome caracterizada por trombocitopenia (diminuição das plaquetas) e coagulação intravascular disseminada associada ao hemangioma (síndrome de Kasabach-Merritt).



1.1- Diagnóstico do Hemangioma
O diagnóstico de hemangioma geralmente é feito por exame de imagem. Na ultra-sonografia o hemangioma se apresenta como uma massa homogênea hiperecóica, bem delimitada e lobulada. Fibrose, calcificação ou hemorragia aparecem como áreas hipoecóicas. Na tomografia computadorizada (Figura 3), o tumor é geralmente hipodenso, podendo não ser visualizado no exame sem contraste. Após injeção de contraste venoso ocorre, primeiramente, opacificação periférica nodular, com posterior preenchimento em direção ao centro da lesão (centrípeto). Cintilografia de hemácias (SPECT) – (figura 4) apresenta sensibilidade e especificidade semelhantes à ressonância nuclear magnética em tumores próximo à superfície hepática e maiores que 3.0 cm. Ressonância nuclear magnética (Figura 5) é o exame de imagem com maior acurácia, apresentando sensibilidade e especificidade maiores que 90%.

hemangioma hepatico na TC

hemangioma de figado na TC
 

hemangioma hepatico na TC
Figura 3: Tomografia Computadorizada de abdômen. (A) massa hipodensa (20 cm de diâmetro) no lobo esquerdo do fígado. (B) opacificação nodular periférica. (C) captação centrípeta.

cintigrafia de hemangioma hepatico
Figura 4: Cintigrafia de hemáceas mostrando área vermelha no lobo hepático direito, compatível com hemangioma.


ressonancia de hemangioma hepatico 
Figura 5: Imagem de RNM (A) lesão de baixo sinal entre a veia hepática direita e média em T1 e (B) alta intensidade em T2

Confirmação histopatológica, através de biópsia por agulha, pode ser necessária em alguns casos de achado atípico no exame de imagem.
1.2- Tratamento

Hemangioma menor que 5.0 cm, sem crescimento num período de seis meses, apresenta conduta expectante. Tratamento, que inclui ressecção tumoral, enucleação cirúrgica, quimioembolização transarterial, irradiação hepática e transplante, é indicado quando houver complicações, em pacientes com sintomatologia importante ou na impossibilidade de excluir lesão maligna. Transplante hepático é indicado em situações extremas, como em múltiplas lesões, geralmente gigantes, irressecáveis e com envolvimento de hilo hepático.
O tratamento conservador deve ser realizado na maioria dos casos, exceto, em condições raras, como dor incapacitante, compressão de órgãos adjacentes, dúvida diagnóstica ou na presença de síndrome de Kasabach-Merritt.