sexta-feira, 29 de outubro de 2010

ABDOMINOPLASTIA (Cirurgia Plástica da "Barriga")

Um abdome belo não é um abdome reto, sem curvas, saliências ou depressões. A beleza do abdome está na presença de suas saliências naturais (rebordos costais, as cristas ilíacas, o púbis e o músculo reto abdominal ) e depressões (umbigo, as fossas ilíacas, ...).
abdome bonito

As pessoas não são idênticas do ponto de vista anatômico, existem variações consequentes ao esqueleto ósseo, e com o biótipo da paciente (longilíneo, brevilíneo ou normolíneo).
 A gravidez pode alterar a posição dos músculos, alterando a forma, alargando o diâmetro dos arcos costais e da bacia, diferenciando-se do abdome pré-gravídico.


Alguns abdomens pós gestação apresentam diástase (afastamento) dos músculos reto abdominais, que causam um abaulamento na região medial do abdome.


Além do diagnóstico das alterações estéticas do abdome que vão direcionar a melhor técnica cirúrgica a ser empregada, é necessário observar aspectos posturais e osteomusculares para uma orientação mais detalhada do resultado que pode ser obtido dentro das limitações existentes.


Vamos dividir as alterações do abdome e o tratamento:


1- Paciente com abdome sem excesso de pele, com musculatura normal, sem diástase. As alterações são devido ao acúmulo de gordura em alguns locais do abdome. O tratamento para este tipo de abdome é a lipoaspiração.


2- Pacientes com musculatura normal, com um excesso de pele infra-umbilical (abaixo do umbigo) e excesso dermoadiposo. O tratamento consiste em lipoaspiração associada à mini-abdominoplastia


lipoaspiração e mini-abdominoplastia


Realiza-se a retirada de um fuso de pele da região supra púbica, de extensão e largura variáveis, de acordo com a necessidade de cada paciente.


mini-abdominoplastia
Fuso de excesso de pele que será retirado

miniabdominoplastia

 3 - Pacientes com excesso de pele, acúmulo de gordura moderado e diástase (afastamento) da musculatura, porém sem excesso de tecido suficiente supra-umbilical (acima do umbigo) para cobrir todo o abdome, com cicatriz umbilical (umbigo) alta. O tratamento para estes pacientes é incisão clássica de abdominoplastia e baixa-se a altura do umbigo após plicatura (sutura) da musculatura em diástase (alargada), reconstruindo sua função. Caso a cicatriz umbilical esteja em posição normal ou baixa que não possibilitam um posicionamento mais baixo, pode-se optar pela realização da cicatriz em “T”  ou posicionar a cicatriz mais alta. Pode-se associar lipoaspiração a estas técnicas.

sutura dos músculos retos do abdome afastados


4 - Pacientes com excesso de pele acentuado tanto acima quanto abaixo do umbigo. Geralmente o umbigo está posicionado normal ou abaixo da posição esteticamente aceitável. A extensão de pele que vai do umbigo até o apêndice xifoide é suficiente para cobrir todo o abdome. O tratamento é a abdominoplastia clássica.



ABDOMINOPLASTIA CLÁSSICA

passos da cirurgia de abdome
A técnica cirúrgica consiste na marcação do local onde vai ser realizada a incisão (na região supra-púbica se estendendo para as laterais ). No ato operatório realiza-se a incisão, descolamento do retalho dermoadiposo até o apêndice xifoide, preservando a cicatriz umbilical na aponeurose do músculo. Realiza-se a plicatura (sutura) da musculatura. Traciona-se o retalho e retira-se o excesso de tecido. Posiciona-se o umbigo. Realiza-se o fechamento, podendo ou não ser usado dreno.


cicatriz de abdominoplastia


Cuidados Pré-Operatórios
DEVE INCLUIR:


• Anamnese minuciosa, incluído pesquisa de queixas respiratórias (asma, apnéia do sono) e número de gestações.


• Evolução da perda ponderal, cálculo do Índice de Massa Corporal (IMC)


• Exame físico completo, com ênfase na parede abdominal, a fim de diagnosticar possíveis hérnias umbilicais ou incisionais e a presença e o grau de diástase dos músculos retos abdominais.


• Avaliação da qualidade e do grau de flacidez da pele e adiposidade residual.


RECOMENDAÇÕES AO PACIENTE


• Suspender tabagismo (mínimo de 15 dias)


• Suspender drogas anticoagulantes (AAS, heparina, ginseng, ginko-biloba, chá de louro, etc.)


• Utilizar sabonete antisséptico três vezes ao dia nos três dias anteriores à cirurgia e no dia da mesma ao despertar.


• Manter alguma atividade física.


• Ler o informativo referente à cirurgia e esclarecer eventuais dúvidas com o cirurgião.

EXAMES COMPLEMENTARES


A rotina pré operatória inclui exames laboratoriais, eletrocardiograma, radiografia de tórax e risco cirúrgico.


A Ultrassonografia de abdome com ênfase na parede abdominal é mandatória para avaliar a presença de hérnias não identificadas no exame físico, além de outras patologias intra-abdominais que devem ser tratadas previamente ou em conjunto com a abdominoplastia.


Documentação fotográfica pré-operatória, autorização para publicação das mesmas e termo de consentimento informado são obtidos de todos os pacientes.


ANESTESIA


Pode ser realizada anestesia geral ou bloqueio peridural com sedação.


CUIDADOS PÓS OPERATÓRIOS


• Uso de cinta cirúrgica conforme orientação médica
• Evitar molhar área de cicatriz por 48horas
• Manter curativo limpo e seco
• Deitar somente em decúbito dorsal (de barriga para cima)
• Evitar esforço físico
• Retorno às atividades cotidianas em média após 30 dias
• Liberação para exercícios físicos entre 45 e 60 dias





segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Abdominoplastia após grande perda de peso (dermolipectomia ex-obeso)

A obesidade é uma doença com incidência e prevalência crescente, afetando todas as faixas etárias. As complicações da obesidade são bem conhecidas. Uma redução dramática do peso, seja através de dieta, medicação adequada, exercício ou cirurgia podem reverter à morbidade e a mortalidade associada à mesma.
Entre os efeitos indesejáveis de uma grande perda ponderal podemos incluir, além da diminuição excessiva do tecido celular subcutâneo (gordura), a redundância e flacidez cutânea. A região abdominal destes pacientes apresenta ainda com freqüência uma insuficiência da musculatura, decorrente da infiltração de gordura no tecido muscular, da hipotonia ou atrofia devido ao sedentarismo ou como conseqüência da diástase (afastamento) dos músculos retos abdominais pós-gestações.
O aspecto “em avental” costuma ser a principal queixa destes pacientes e pode causar, além do aspecto inestético, limitações físicas, distúrbios psicológicos e queixas álgicas (dor).
A abdominoplastia é um procedimento comum em ex-obesos e geralmente o primeiro e o mais freqüente a ser realizado. Seu objetivo é dar nova forma à parede abdominal através de uma dermolipectomia, reforço das estruturas músculo-aponeuróticas com correção de eventuais hérnias, e onfaloplastias (plástica do umbigo). Muitas são as técnicas cirúrgicas descritas na literatura especializada. Por isso, a variedade no dismorfismo (alterações da forma) apresentado por estes pacientes exige uma avaliação cuidadosa no pré operatório, com o objetivo de estabelecer a melhor estratégia cirúrgica para cada caso.
Rotina Pré Operatória
DEVE INCLUIR:
·         Anamnese minuciosa, incluído pesquisa de queixas respiratórias (asma, apnéia do sono) e número de gestações.

·         Evolução da perda ponderal, cálculo do Índice de Massa Corporal (IMC) e tempo de estabilidade do peso.

·         Exame físico completo, com ênfase na parede abdominal, a fim de diagnosticar possíveis hérnias umbilicais ou incisionais e a presença e o grau de diástase dos músculos retos abdominais.
Avaliação da qualidade e do grau de flacidez da pele, adiposidade residual, posicionamento das cicatrizes, presença de lesões cutâneas geradas pelo atrito de áreas ptosadas (caídas).

RECOMENDAÇÕES AO PACIENTE
·         Suspender tabagismo (mínimo de 15 dias)
·         Suspender drogas anticoagulantes (AAS, heparina, ginseng, gincobiloba, chá de louro, etc.)
·         Utilizar sabonete anti-séptico três vezes ao dia nos três dias anteriores à cirurgia e no dia da mesma ao despertar.
·         Manter alguma atividade física.
·         Ler o informativo referente à cirurgia e esclarecer eventuais dúvidas com o cirurgião.

EXAMES COMPLEMENTARES
A rotina pré-operatória inclui exames laboratoriais, eletrocardiograma, radiografia de tórax e risco cirúrgico.
A Ultrassonografia de abdome com ênfase na parede abdominal é mandatória para avaliar a presença de hérnias não identificadas no exame físico, além de outras patologias intra-abdominais que devem ser tratadas previamente ou em conjunto com a abdominoplastia.
Documentação fotográfica pré-operatória, autorização para publicação das mesmas e termo de consentimento informado são obtidos de todos os pacientes.
Técnicas Cirúrgicas
Nas abdominoplastias utiliza-se a anestesia geral ou a peridural. Com freqüência associam-se as duas técnicas para uma melhor analgesia pós operatória.
Muitas técnicas cirúrgicas são descritas, será abordado neste momento exclusivamente a região abdominal, são elas, a abdominoplastia suprapúbica, a inframamária, a em âncora e a dermolipectomia higiênica.
EM ÂNCORA
abdominoplastia em ancora
Desenho Esquemático de Abdominoplastia em âncora

A abdominoplastia com cicatriz em âncora é a mais utilizada em pacientes após perda ponderal expressiva. Isto se deve a grande excedente dermoadiposo tanto no sentido horizontal quanto no vertical. A cicatriz mediana prévia quando existe em casos de pacientes submetidos à cirurgia bariátrica, facilita a indicação da mesma. Esta técnica permite maior retirada do tecido excedente e proporcionar melhor contorno corporal, principalmente na cintura.
O excesso dermoadiposo previamente marcado é retirado em bloco, no sentido de cranial para caudal e de lateral para medial. Importante não descolar os retalhos remanescentes.
Esta técnica permite uma exposição direta dos retos abdominais, facilitando sua abordagem. Realiza-se a plicatura destes músculos levando em consideração a diástase presente.
A cicatriz umbilical deve ser fixada a aponeurose em posição anatômica.
A síntese é realizada por planos, sendo a drenagem aspirativa sempre utilizada.
O curativo é realizado com esparadrapo cirúrgico estéril e com atadura elástica.
ABDOMINOPLASTIA REVERSA
Consiste na ressecção do excesso dermoadiposo do abdome superior por meio de incisão submamária. Está indicada especialmente quando da existência de cicatrizes pré-existentes nesta região ou naqueles pacientes submetidos à abdominoplastia prévia que apresentam redundância de tecido na parede abdominal superior .
abdominoplastia reversa
Abdominoplastia reversa com cicatriz resultante infra-mamária ( indicada quando há flacidez cutânea supra-umbilical mediana)


abdominoplastia reversa sem excesso em linha média
 Abdominoplastia reversa indicada para pacientes com pouca flacidez em linha média supra-umbilical 

A avaliação é realizada com o paciente em posição ortostática e em decúbito dorsal As marcações são feitas nos sulcos submamários, unidas na linha média. O excesso é determinado por manobra bi-manual através de tração da pele no sentido cefálico .
O retalho dermoadiposo excedente pode ser utilizado na região mamária como cobertura ou como preenchimento.
Descolamento ultrapassando a cicatriz umbilical, sendo esta liberada ou não. É indicado para casos de flacidez supra-umbilical, com pequena diástase.
A cirurgia começa com incisão submamária e o retalho abdominal é descolado caudalmente no plano aponeurótico. Realiza-se uma tração superior, sendo o excesso cutâneo excisado ou utilizado na região mamária como cobertura ou como preenchimento. Realiza-se drenagem aspirativa e síntese por planos. O curativo é realizado com fita adesiva cirúrgica e atadura elástica.
SUPRA PÚBICA
Indicada para pacientes sem excesso dermoadiposo lateral, principalmente na ausência de cicatriz mediana prévia, como nos casos de emagrecimento após cirurgias bariátricas videolaparoscópicas ou aqueles que emagreceram através de dieta e exercício. Muitas vezes é precedida por lipoaspiração.
A marcação pré-operatória é feita com o paciente em posição ortostática, sendo reavaliada no per operatório em decúbito dorsal. Primeiro, delimitamos a linha da incisão inferior, com concavidade no sentido cranial, situando-se abaixo da prega delimitada pelo avental cutâneo, estendendo-se lateralmente em direção a crista ilíaca.
cicatriz de abdominoplastia

Em seguida é marcada uma linha mediana, do apêndice xifóide à sínfise púbica, que auxiliará no posicionamento adequado da cicatriz umbilical. Acima desta, descolamos o retalho em forma de túnel até o apêndice xifóide, evitando estendê-lo lateralmente. Procede-se em seguida a plicatura da aponeurose dos retos abdominais.

plicatura de musculos retos do abdome
Após a plicatura, que é feita com pontos separados em “X”, fixa-se a cicatriz umbilical à aporeurose, corrigindo possíveis desvios de posicionamento. Neste momento, o dorso da paciente é elevado em cerca de 30º. O retalho dermoadiposo é tracionado em direção caudal e o excesso é ressecado com o cuidado de retirar apenas o desejado, evitando tensão na sutura. Fixa-se o retalho superior à incisão inferior em seu ponto médio.
cirurgia do abdome

cicatriz de cirurgia plastica na barriga
Uma incisão em forma de triângulo invertido é realizada no retalho na topografia da cicatriz umbilical assim como um desengorduramento do mesmo, com o objetivo de exteriorizar e suturar o coto umbilical fixado na aponeurose ao retalho. Finaliza-se com a drenagem aspirativa e síntese por planos.
DERMOLIPECTOMIA HIGIÊNICA


Abdome em Avental
Essa técnica é utilizada em pacientes com IMC (Indice de Massa Corporal) elevado, porém com grande perda ponderal e dificuldades para mobilização, higiene e convívio social. Muito realizada em conjunto com outras cirurgias abdominais, principalmente hernioplastias.
Pode ser realizada com vários tipos de incisão. O mais importante é o descolamento mínimo suficiente para exteriorizar a cicatriz umbilical, podendo inclusive não haver este descolamento e realizar uma neo-onfalocele em segundo tempo. A plicatura dos músculos reto abdominais não deve ser realizada.
CUIDADOS PÓS OPERATÓRIOS
·       Posição de Fowler nas primeiras 24 horas, com movimentação dos membros e manutenção de meia elástica.
·       Deambulação precoce
·       Drenagem aspirativa mantida até débito abaixo de 50 ml em 24 horas

COMPLICAÇÕES
As complicações pós-operatórias em pacientes com grande perda ponderal são as mesmas das tradicionais cirurgias de contorno corporal, porém com incidência significativamente maior. A taxa de complicações e de resultados desfavoráveis é diretamente proporcional ao IMC na data da cirurgia. Geralmente os pacientes suportam melhor eventuais intercorrências, devido ao grande benefício estético e funcional alcançado.
São muitas as complicações descritas, dentre elas: seromas, deiscências, hematomas, TVP, necroses, granulomas, infecções.
A presença de seroma é freqüente devido à grande área excisada e a espessura do retalho remanescente. O uso de dreno aspirativo tem a função de não reter o seroma. Após sua retirada o paciente deve ser submetido a punções aspirativas e uso contínuo da cinta de média compressão. Com a experiência adquirida, há uma tendência a permanência do dreno por 7 a 10 dias, devido ao derrame linfático que se forma após a sua retirada precoce.
Pode-se encontrar com certa freqüência a presença de cicatrizes alargadas, hipertróficas, assimétricas, perda do contorno corporal, falha na retração da pele e retorno da flacidez, que são atribuídas à má qualidade do sistema fascial superficial, responsável por envolver, sustentar e dar forma aos tecidos.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

CISTO DE FÍGADO (HEPÁTICO) SIMPLES

CISTO  DE  FÍGADO (HEPÁTICO) SIMPLES
É uma lesão relativamente comum.
Cisto hepático simples é geralmente de origem congênita, sendo mais prevalente no sexo feminino e na quinta década de vida. É formado através da obstrução ou ausência de conexão entre os ductos biliares intra-hepáticos e os extra-hepáticos. Sua parede apresenta epitélio cubóide semelhante às células do ducto biliar.
Os pacientes são geralmente assintomáticos, e seu diagnóstico é, na maioria dos casos, um achado durante exames de imagem. A sintomatologia mais comum, quando existente, é o desconforto em hipocôndrio direito, ocasionado geralmente por cistos maiores que 5.0 cm. Cistos hepáticos apresentam baixa taxa de complicações, sendo hemorragia e infecção as mais comuns.
2.1-Diagnóstico de cisto hepático
Cisto hepático simples é facilmente diagnosticado pela ultra-sonografia, pela tomografia computadorizada ou pela ressonância nuclear magnética. Apresenta líquido em seu interior, sem presença de septações e com parede delgada. Cisto simples pode apresentar septações, porém estas não são verdadeiras e sim resquícios de ductos biliares. Ausência de septações é 100% prediletor de cisto hepático simples.
cisto hepatico na tomografia
Tomografia Computadorizada – cisto hepático de 13 cm. Características morfológicas: cisto de paredes finas e conteúdo homogêneo


2.2-Tratamento

A maioria dos pacientes são assintomáticos (90-95%), não necessitando de intervenção, sendo acompanhados anualmente por ultra-sonografia. Porém em cistos grandes (maior 5.0cm) ou associados à sintomatologia (dor severa, náuseas, vômitos ou colestase) o tratamento pode ser cirúrgico (laparoscópica ou aberta) ou por drenagem percutânea, guiada por tomografia ou pela ultra-sonografia, associado a escleroterapia com álcool. Essa terapia apresenta a vantagem de ser menos invasiva que a cirurgia aberta ou laparoscópica; Entretanto a escleroterapia com álcool pode levar a colangite esclerosante provavelmente devido à comunicação entre o cisto e o trato biliar não diagnosticado previamente. A simples aspiração do cisto apresenta 100% de recorrência. Tratamento cirúrgico [e recomendado, não somente em pacientes com sintomas ou em cistos grandes, mas também na presença de comunicação biliar, infecção ou na suspeita de malignidade.
O tratamento preconizado, antes do advento da videocirurgia, era o destelhamento por via aberta para cistos hepáticos simples não complicados.
Z’graggen et al (1991) realizaram o primeiro destelhamento (fenestração) de um cisto hepático gigante por via laparoscópica. Deste então, o tratamento por via laparoscópica tem sido amplamente utilizado e recentemente tem sido proposto para doença hepática policística. Atualmente é preconizado o destelhamento por laparoscopia, onde a completa fenestração é conseguida em 90 a 95 % dos casos. As maiores causas de conversão para laparotomia são: cisto localizado profundamente no parênquima hepático; cistos localizados nos segmentos VI, VII,VIII; sangramento incontrolável e trauma de ductos biliares principais.
Destelhamento via laparoscópica, para cistos hepáticos não parasitários maiores que 5.0 cm ou com sintomatologia e localizados superficialmente.
cisto no fígado 
Fenestração laparoscópica de cisto hepático solitário

A taxa de morbidade em pacientes onde foi realizada a fenestração por laparoscopia, varia entre 0% e 25%. A recorrência dos sintomas varia entre 0% e 23%, enquanto a recorrência morfológica varia entre 0% e 14,3%. Fenestração por laparoscopia causa menos dor pós-operatória, menor tempo de hospitalização e retorno precoce as atividades normais.

TUMORES DO FÍGADO (HEPÁTICOS) BENIGNOS - HEMANGIOMA

Tumores Hepáticos benignos constituem uma série de lesões, incluindo tumores sólidos, císticos e processos regenerativos. Com o avanço tecnológico dos exames de imagem, houve aumento na detecção de lesões hepáticas, porém houve também o aumento no diagnóstico do tipo de lesão, sem muitas vezes necessitar de procedimentos invasivos a fim de coletar material para a análise histopatológica.
A maior parte das lesões são assintomáticas (não causam sintomas) e com boa evolução clínica, apresentando como conduta a simples observação. Porém em pacientes sintomáticos, na suspeita de malignidade e em algumas lesões com potencial de transformação maligna, como o adenoma hepático, o tratamento se faz necessário. Nesse caso, estudos recentes, vem comparando o tratamento por laparotomia com a cirurgia por via laparoscópica.
HEMANGIOMA
É o tumor hepático benigno mais comum, variando sua incidência, em autópsias, entre 0,4 e 7,3%.  É mais prevalente em mulheres (Relação 5:1 a 6:1) e apresenta como localização mais comum à região subcapsular do lobo direito e seu tamanho é geralmente menor que 5.0 cm. Alguns hemangiomas apresentam receptores para estrogênio, levando a um crescimento maior durante a puberdade, a gravidez e nas mulheres que fazem uso de contraceptivo oral.
A maioria dos hemangiomas é encontrada ao acaso durante exame de imagem abdominal. Alguns pacientes apresentam sintomatologia, sendo o mais comum desconforto abdominal inespecífico. Esses pacientes com sintomatologia geralmente apresentam lesões maiores que 5.0 cm ou com necrose.

Hemorragia espontânea ou síndrome de Kasabach-Merritt são descritos como complicações raras., A ruptura espontânea do hemangioma é rara (figura 2), tendo em vista a alta prevalência de hemangioma na população. Kasabach & Merritt (1940) descreveram uma síndrome caracterizada por trombocitopenia (diminuição das plaquetas) e coagulação intravascular disseminada associada ao hemangioma (síndrome de Kasabach-Merritt).



1.1- Diagnóstico do Hemangioma
O diagnóstico de hemangioma geralmente é feito por exame de imagem. Na ultra-sonografia o hemangioma se apresenta como uma massa homogênea hiperecóica, bem delimitada e lobulada. Fibrose, calcificação ou hemorragia aparecem como áreas hipoecóicas. Na tomografia computadorizada (Figura 3), o tumor é geralmente hipodenso, podendo não ser visualizado no exame sem contraste. Após injeção de contraste venoso ocorre, primeiramente, opacificação periférica nodular, com posterior preenchimento em direção ao centro da lesão (centrípeto). Cintilografia de hemácias (SPECT) – (figura 4) apresenta sensibilidade e especificidade semelhantes à ressonância nuclear magnética em tumores próximo à superfície hepática e maiores que 3.0 cm. Ressonância nuclear magnética (Figura 5) é o exame de imagem com maior acurácia, apresentando sensibilidade e especificidade maiores que 90%.

hemangioma hepatico na TC

hemangioma de figado na TC
 

hemangioma hepatico na TC
Figura 3: Tomografia Computadorizada de abdômen. (A) massa hipodensa (20 cm de diâmetro) no lobo esquerdo do fígado. (B) opacificação nodular periférica. (C) captação centrípeta.

cintigrafia de hemangioma hepatico
Figura 4: Cintigrafia de hemáceas mostrando área vermelha no lobo hepático direito, compatível com hemangioma.


ressonancia de hemangioma hepatico 
Figura 5: Imagem de RNM (A) lesão de baixo sinal entre a veia hepática direita e média em T1 e (B) alta intensidade em T2

Confirmação histopatológica, através de biópsia por agulha, pode ser necessária em alguns casos de achado atípico no exame de imagem.
1.2- Tratamento

Hemangioma menor que 5.0 cm, sem crescimento num período de seis meses, apresenta conduta expectante. Tratamento, que inclui ressecção tumoral, enucleação cirúrgica, quimioembolização transarterial, irradiação hepática e transplante, é indicado quando houver complicações, em pacientes com sintomatologia importante ou na impossibilidade de excluir lesão maligna. Transplante hepático é indicado em situações extremas, como em múltiplas lesões, geralmente gigantes, irressecáveis e com envolvimento de hilo hepático.
O tratamento conservador deve ser realizado na maioria dos casos, exceto, em condições raras, como dor incapacitante, compressão de órgãos adjacentes, dúvida diagnóstica ou na presença de síndrome de Kasabach-Merritt.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

AS MAMAS

As mamas ou seios são também chamados de glândulas mamárias.

As glândulas mamárias têm em ambos os sexos têm o mesmo desenvolvimento até a puberdade.
Na puberdade, as mamas femininas evoluem mediante estímulos hormonais (hipofisários, ovarianos).
Cada mama é formada por aproximadamente 20 ou 25 lobos mamários.
Os lobos estão dispostos radialmente, em maior ou menor profundidade, a partir do mamilo, onde cada lóbulo drena para seu conduto correspondente. Tais condutos denominam-se galactóforos.
O mamilo é pigmentado e possui glândulas sebáceas que não possuem folículos pilosos.
Antes de abrir-se no mamilo, o conduto galactóforo apresenta uma dilatação chamada seio galactóforo.
anatomia da mama


Os lóbulos mamários são formados por várias subunidades e estas por diversos condutos chamados condutos alveolares. Durante a gravidez, estes condutos dão início ao desenvolvimento de um grande número de alvéolos secretores.
Do ponto de vista funcional, podemos distinguir três situações que afetam o tecido mamário: a mama em repouso, a proliferativa e a mama lactante.
1) Mama em fase de repouso: as características da mama neste estado são as descritas. Não obstante, o epitélio que recobre a parede dos condutos apresenta alterações cíclicas por influência hormonal. Nas fases tardias do
ciclo menstrual, a luz dos condutos é mais proeminente.
2) Mama proliferativa: ao longo da gravidez, por causa da atividade hormonal, são produzidas alterações notáveis na estrutura e no volume mamários. Inicialmente existe um crescimento do epitélio tubular e se formam muitos alvéolos suplementares. Os lóbulos mamários aumentam de volume. Estas alterações devem-se à ação combinada de estrógenos, progesterona, hormônios tireóideos, esteróides supra-renais e um hormônio placentário chamado galactogênico. Nas fases mais avançadas da gravidez, inicia-se a secreção do colostro, dilatando-se os condutos e os alvéolos. O colostro é um líquido rico em proteínas e anticorpos maternos. É segregado até os primeiros dias de lactância.
3) Mama em fase de lactância: nesta fase a secreção e liberação de prolactina é estimulada; este hormônio da adeno-hipófise controla a secreção mamária, estimulando a produção de leite materno. Nesta fase, praticamente toda a mama é formada por tecido glandular e os alvéolos mamários se encontram bastante dilatados.
O leite materno contém proteínas, gorduras, açúcares e vitaminas. Sua produção é contínua se a sucção persiste, inclusive até muito tempo depois do parto.
Na expulsão do leite também a sucção intervém como mecanismo inicial, mas sua regulação é controlada pela ocitocina. Este hormônio produz a contração das fibras musculares lisas dos alvéolos e condutos.
O desmame, isto é, a supressão do mecanismo de sucção, produz a regressão da morfologia da mama lactante.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

LIPOASPIRAÇÃO


Lipoaspiração é uma intervenção cirúrgica em que com o instrumental adequado são aspirados os excessos de gordura com o objetivo de melhorar o contorno corporal. A lipoescultura é uma técnica que molda o contorno de determinada área do corpo ou face utilizando de técnicas de aspiração e injeção de gordura.


A técnica de lipoaspiração foi apresentada ao Brasil em 1980, pelo cirurgião francês Yves Gerard Illouz, durante o Congresso Brasileiro de Cirurgia Plástica, em Fortaleza. Muitos dos princípios preconizados por Illouz ainda são usados na atualidade.

A indicação correta da técnica é fundamental para o sucesso do tratamento. A lipoaspiração não pode ser vista como um método de emagrecimento. O objetivo é a remoção de gordura localizada.

A avaliação pré-operatória inclui anamnese detalhada, análise sistêmica do paciente e solicitação dos exames. Quanto à avaliação dos locais a serem aspirados, são observadas as características da pele (elasticidade, presença de estrias, celulites, atrofias, retrações) e a presença de irregularidades. A pele local deverá apresentar condições de retração (contração) para acomodar o novo volume tecidual.

INSTRUMENTAL CIRÚRGICO

São usadas cânulas finas, de diâmetro que variam de 2.0 a 4.0mm geralmente. A aspiração pode ser realizada através de seringas ou com aparelhos de lipoaspiração conectados as cânulas.


canulas de lipoaspiração 

ANESTESIA


A anestesia vai depender da área a ser tratada, podendo ser realizado bloqueio medular (raquianestesia ou peridural), anestesia geral, ou anestesia local com sedação.

ONDE FICAM AS CICATRIZES E QUAL O TAMANHO?

As cicatrizes são realizadas para a introdução das cânulas, elas são de aproximadamente 0,5 a 1,0 cm de extensão, e sempre que possível são colocadas em área pouco visível.

TÉCNICAS DE ASPIRAÇÃO (INFILTRATIVA X NÃO INFILTRATIVA)

A técnica de aspiração pode ser infiltrativa ou não infiltrativa.

A técnica infiltrativa utiliza o princípio de infiltrar (injetar) solução composta por vasoconstrictor, soro fisiológico e algumas vezes anestésico, na gordura que será lipoaspirada. Esta técnica faz com que as células de gordura sejam mais facilmente removidas e reduz o sangramento. Está é a técnica mais empregada pela maioria dos cirurgiões plásticos.

A técnica não infiltrativa, como o nome já explica, não é realizada a injeção de solução, sendo a lipoaspiração seca. Nesta técnica há maior perda sanguínea.

QUANTO DE GORDURA PODE SER RETIRADA COM SEGURANÇA

Seguindo critérios do (CFM) Conselho Federal de Medicina (Art. 9º da resolução Nº 1.711), os volumes aspirados não devem ultrapassar 7% do peso corporal quando se usar a técnica infiltrativa; ou 5% quando se usar a técnica não-infiltrativa. Da mesma forma, não deve ultrapassar 40% da área corporal, seja qual for à técnica usada. Ou seja, paciente de 80 Kg pode ter no máximo 5,6 L aspirados pela técnica infiltrativa e 4,0 litros pela técnica não-infiltrativa.

PÓS OPERATÓRIOS

• Cinta Cirúrgica – O paciente deixa o hospital com a cinta cirúrgica e deve usá-la por 24horas por dia (dia e noite) durante 30 dias. A cinta só pode ser retirada com a indicação médica.



• Banho – Geralmente é evitado o banho nos primeiros dias de pós operatório.



• Dor – Se ocorrer alguma dor após a lipoaspiração esta é leve a moderada, principalmente nos primeiros dias após a cirurgia. A medicação prescrita alivia a dor.



• Edema (inchaço) – Após a lipoaspiração é comum haver edema. O edema regride cerca de 80% até o final do primeiro mês, mais 10% até o final do segundo mês e o restante até o final do sexto mês



• Equimoses (roxo) – assim como o edema, as equimoses são comuns e esperadas. Podem durar de 2 a 3 semanas em média e podem acontecer em áreas não tratadas. Neste período é importante não se expor ao sol para evitar a pigmentação definitiva (manchas definitivas)



• Drenagem Linfática – quando realizada por profissional especializado, pode ajudar a diminuir mais rápido o edema. Deve ser liberada pelo seu médico, e ocorre entre o 10® e 20® dia de pós operatório.



• Retirada de pontos – geralmente ocorre entre 7 e 10 dias de pós operatório



• Retorno ao trabalho – vai depender da atividade realizada e da extensão da lipoaspiração. Em média o retorno ocorre com 15 dias de pós-operatório.



• Retorno a atividades físicas – vai depender da recuperação que é individual de cada paciente, em média ocorre a liberação para atividades físicas com 2 meses de pós-operatório.



• Alteração de Sensibilidade – pode haver diminuição da sensibilidade da área tratada e esta volta gradativamente com o tempo.

ASSOCIAÇÃO COM OUTRAS CIRURGIAS

É comum a associação de lipoaspiração com outras cirurgias como abdominoplastias, mamoplastia de aumento (silicone)

HIPERTENSÃO ARTERIAL (Pressão Alta)

medida da pressão arterial

A Pressão arterial é a pressão dentro dos vasos (artérias). A pressão arterial sistólica (máxima) é dada quando o coração se contrai, e a mínima (PA diastólica) é dada no relaxamento cardíaco. Para que ocorra hipertensão é preciso que haja alteração do volume de sangue ou viscosidade (espessura) do sangue, da frequência cardíaca (batimentos cardíacos por minuto) e da elasticidade dos vasos. A anormalidade mais comum ocorre com o aumento da resistência dos vasos (diminuição da elasticidade).
                A pressão arterial (PA) alta é um importante problema de saúde em todo o mundo devido a sua alta frequência e sua associação com maior risco de problemas cardiovasculares. Um dos grandes problemas da hipertensão arterial (pressão alta) é o fato de não apresentar sintomas até fases avançadas. Um dos erros mais comuns de pessoas que tem hipertensão , é só se preocupar com a medida da pressão quando há sintomas como dor de cabeça, cansaço, dor nos olhos, sensação de peso nas pernas ou palpitações. A hipertensão geralmente não produz sintomas até fases mais avançadas da doença.
Valores usados atualmente para o diagnóstico de hipertensão:
Pressão Normal
Pressões menores ou igual a 120/80 mmHg
Pré-hipertensos
Pressões entre 121/81 - 139/89 mmHg
Hipertensos grau I
Pressões entre 140/90 - 159/99 mmHg
Hipertensos grau II
Pressões maiores ou iguais a 160/100 mmHg



















A medida da pressão arterial varia durante o dia, situações de estresse, o ato de fumar um cigarro, tomar um cafezinho podem elevar transitoriamente à pressão. Para o diagnóstico de hipertensão é necessário medir a pressão arterial diversas vezes e ter pelo menos 3  medidas elevadas, realizadas em dias diferentes, com um intervalo de pelo menos 1 mês entre a primeira e a última medida.
A medida da pressão deve ser feita com o paciente em repouso. O paciente deve ser estar sentado com as costas encostadas na cadeira e o braço apoiado na mesa ou deitado. Deve- evitar fumo, uso de descongestionantes nasais, café, estresse por pelo menos 30 minutos antes da aferição da PA.
O aparelho de pressão (esfingmomanõmetro) pode ser de coluna de mercúrio, aneróide ou eletrônico.


O que é Hipertensão do Jaleco Branco?
Um grande número de pessoas apresenta Pressão Arterial maior de 140 x 90 mmHg quando um profissional de saúde mede sua pressão, porém quando realiza um M.A.P.A. (Monitorização ambulatorial da pressão arterial) ou a aferição em casa, quase todas as medidas são menores que 140 x 90mmHg.
Como é feito o M.A.P.A.
É um exame realizado para verificar a variação da pressão arterial durante 24 horas do dia. O paciente fica com um aparelho de pressão no braço e mede a pressão durante as 24 horas do dia diversas vezes, aferindo a pressão em situações comuns como dormir, comer, trabalhar,.... Pessoas com mais de 40% das medidas elevadas (maior que 140 x 90 mmHg) são consideradas hipertensas.
Aumento isolado da pressão arterial sistólica
A maioria dos pacientes hipertensos maiores de 65 anos apresentam o aumento somente da pressão arterial sistólica, ou seja, PA sistólica maior ou igual a 160 mmHg (16 por ....), com PA diastólica normal, ou seja, menor que 90mmHg. Este tipo de hipertensão arterial aumenta o risco de doenças cardiovasculares e o seu tratamento reduz o risco de morte.
As lesões causadas pelo aumento da pressão arterial são assintomáticas, porém existem exames que podem fazer o diagnóstico destas lesões precocemente.
A hipertensão está associada a diversas doenças graves como:
- Insuficiência cardíaca
- Infarto do miocárdio
- Arritmias cardíacas
- Morte súbita
- Aneurismas
- Perda da visão
- Insuficiência renal crônica
- AVC isquêmico e hemorrágico
- Demência
- Arteriosclerose
A hipertensão arterial raramente tem cura e o objetivo do tratamento é evitar que órgãos importantes como coração, olhos, cérebro e rins sofram lesões que causem as doenças descritas acima. Estes são os chamados órgãos alvos.



CAUSAS DE PRESSÃO ALTA
Na maioria dos casos (95%) não se sabe a causa da pressão alta, sendo então chamada de hipertensão primária.
Quando se conhece a causa, esta é chamada de hipertensão secundária. Entre as causas deste tipo de hipertensão temos:
- Doença renal
- Estenose da artéria renal
- Etilismo crônico
- Coarctação da aorta
- Síndrome de Cushing
- Feocromocitoma
- Hiperaldosteronismo primário
- Hipotireoidismo
- Hipertireoidismo